Clarisse Lispector #Vida do Autor

Domingo, dia de Vida do Autor
Agora que tenho um calendário semanal, fica muito mais fácil fazer qualquer coisa no blog – não sei como não tinha pensado nisso antes.

Diferentemente dos outros ‘Vida do Autor’, hoje vou falar de um brasileiro, melhor, de uma brasileira. Simplesmente Clarisse Lispector.



Já estou vendo que essa postagem será longa.

Nascimento

Clarisse Lispector, nascida na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920, naturalizada brasileira, é escritora e também jornalista.

Refugiu no Brasil

Seus pais, Pinkouss e Mania Lispector, que viviam na Ucrânia, estavam fugindo naquela época, por conta da perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921. Decidiram então vir para o Brasil, Clarisse naquela época com dois meses de vida. 
Quando questionado sobre sua nacionalidade, Clarisse simplesmente dizia: “Naquela terra (Ucrânia) nunca pisei: Fui carregada de colo” – e que sua verdadeira pátria era o Brasil.

Mudanças

A família chegou a Bragança Paulista em março de 1922. Aqui decidiu mudar seus nomes, exceto Tânia, sua irmã. O pai passou a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia, sua irmã, Elisa; e Haia, por fim, Clarisse. Pedro era um bom comerciante, mas teve alguns problemas de com algumas pessoas, e então decidiu se mudar, com sua família, para o Recife.

Clarisse Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade de Recife, onde estudou, fez ginásio, além de saber falar outros idiomas, entre eles o francês e o inglês – além do idioma materno, o iídiche.

Morte da mãe

Sua mãe morreu em setembro de 1930, Clarisse apenas com 9 anos, morte essa por conta da sífilis, que já havia trazido desde a Ucrânia. Clarisse sofreu muito com a morte da mãe, e muitos de seus textos refletem essa tristeza.

Morar no Rio de Janeiro

Quando tinha 15 anos seu pai decidiu se mudar para o Rio de Janeiro. Sua irmã Elisa conseguiu um emprego no ministério, enquanto seu pai teve dificuldades em achar um. Clarisse estudou em uma escola primaria na Tijuca, até ir para o curso preparatório para a Faculdade de Direito. Foi aceita na Escola de Direito, na Universidade do Brasil em 1939. Viu-se frustrada com muitas teorias ensinadas no curso, e descobriu um escape: a literatura. Em 25 de maio de 1940, com apenas 19 anos, publicou seu primeiro conto “Triunfo” na Revista Pan.

Morte do pai

Três anos depois, após uma cirurgia simples para a retirada de sua vesícula biliar, seu pai Pedro morre de complicações do procedimento. As filhas ficam arrasadas com as circunstâncias da morte tão inesperada, e como consequência Clarice se afasta da religião judaica.

Formação, casamento e conhecendo o mundo

Em 1943, no mesmo ano de sua formatura, casou-se com o colega de turma Maury Gurgel Valente, futuro pai de seus dois filhos. Por seu marido ser Ministro das Relações Exteriores, Clarice morou na Itália onde serviu durante a Segunda Guerra Mundial como assistente voluntária junto ao corpo de enfermagem da Força Expedicionária Brasileira. Também moraram em países como Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, países para onde Maury foi escalado.

Nascimento dos filhos/separação

Em 10 de agosto de 1948, nasce em Berna, Suíça o seu primeiro filho, Pedro.

Em 10 de fevereiro de 1953, nasce Paulo, o segundo filho de Clarice e Maury, em Washington, D.C., nos Estados Unidos.

Em 1959 se separou do marido que ficou na Europa e voltou permanentemente ao Rio de Janeiro com seus filhos, morando no Leme.

No mesmo ano assina a coluna "Correio feminino - Feira de Utilidades". No ano seguinte, assume a coluna "Só para mulheres", do Diário da Noite, como ghost-writer da atriz Ilka Soares.

Quase morte

Provoca um incêndio ao dormir com um cigarro acesso em 14 de setembro de 1966, seu quarto fica destruído e a escritora é hospitalizada entre a vida e a morte por três dias. Sua mão direita é quase amputada devido aos ferimentos, e depois de passado o risco de morte, ainda fica hospitalizada por dois meses.

Morte

Foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela com câncer inoperável no ovário, diagnóstico desconhecido por ela. Faleceu no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário. Foi enterrada no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro. Até a manhã de seu falecimento, mesmo sob sedativos, Clarice ainda ditava frases para sua amiga Olga Borelli.

Obras

Romance

Perto do Coração Selvagem (1944)
O Lustre (1946)
A Cidade Sitiada (1949)
A Maçã no Escuro (1961)
A Paixão segundo G.H. (1964)
Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
Água Viva (1973)
A Hora da Estrela (1977)
Um Sopro de Vida (Pulsações) (1978)

Conto

Alguns Contos (1952)
Laços de Família (1960)
A Legião Estrangeira (1964)
Felicidade Clandestina (1971)
A Imitação da Rosa (1973)
A Via Crucis do Corpo (1974)
Onde Estivestes de Noite (1974)

Crônica

Visão do Esplendor (1975)
Para não Esquecer (1978)

Entrevistas

De Corpo Inteiro (1975)

Literatura infantil

O Mistério do Coelho Pensante (1967)
A Mulher que Matou os Peixes (1968)
A Vida Íntima de Laura (1974)
Quase de Verdade (1978)

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